terça-feira, 8 de novembro de 2011

Saramago: palavras, uma oliveira e um banco de jardim

No dia 18 de Junho de 2011, decorrido um ano sobre a morte de José Saramago, prestou-se uma homenagem ao escritor, plena de simbologia. Na Casa dos Bicos, sede da futura Fundação José Saramago, foram depositadas parte das cinzas do escritor, aos pés de uma oliveira centenária, transplantada de Azinhaga do Ribatejo, terra do escritor.
“... mas não subiu às estrelas se à terra pertencia ..." são as palavras escolhidas para uma gravação em pedra, retirada do “Memorial do Convento”, junto a um banco também de pedra.
A Fundação abrirá ao público em Novembro e sem dúvida que este recanto do seu jardim será um dos mais procurados na praça lisboeta Campo das Cebolas, junto às margens do rio Tejo.
Quase toda a gente conhece a obra ou pelo menos leu algum livro (ou tentou, eu pelo menos tentei alguns, li outros), mas nem toda a gente sabe que Saramago também escreveu Poesia.
Aqui vos deixo um poema, Intimidade, dos mais belos que conheço do escritor, retirado do seu livro “Os Poemas Possíveis".


No coração da mina mais secreta,/ No interior do fruto mais distante, /Na vibração da nota mais discreta, /No búzio mais convolto e ressoante,

Na camada mais densa da pintura, /Na veia que no corpo mais nos sonde, /Na palavra que diga mais brandura, /Na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa, /Em que a vida se fez perenidade, /Procuro a tua mão, decifro a causa /De querer e não crer, final, intimidade. 

Anabela G.
In Jornal Renascimento, publicado em Junho de 2011 e http://www.eacfacfil.net/

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