sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

PARA TI...

Só porque se quer, só porque sim, apenas porque se deseja. “Só porque o coração pode falar não há necessidade de preparar o discurso”, confidencia-nos Gotthold Lessing. A emoção florida de um sentir, as mãos mágicas de um sonho que se quer celebrar, o suspiro profundo de um querer reflectido na ternura de um olhar. Ó amor meu que me sentiste, para ti o meu voo, para ti o meu mundo.

Para ti
 
Dispersam-se os segundos.
E eu ouço o sol, as nuvens e o perfume do dia.
Sinto o verde das árvores e o aroma das flores.
Tacteio o cinzento das calçadas e o barulho das ruas.

Adivinho a altura da ausência,
Penso na verdade da lua.

Para ti,
Voo no rebuliço do silêncio e
Sossego nas tempestades que me incendeiam.

Por ti,

Os meus olhos adivinham os teus murmúrios,
Os meus ouvidos roçam a tua loucura,
A minha boca escuta – momentos.

Lá vai o raio de sol.
Para ti, porque lhe pedi,
Leva a tranquilidade do meu sorriso,
E a doçura de um sentir. 

Anabela G.
Publicado in Jornal Renascimento

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Feixe em mim...

Porque às vezes apetece, porque escrever é um acto intimista, sempre, porque arrumar palavras é uma emoção e porque somos um cadinho de intempéries e calmarias, onde por vezes faz sol, ou simplesmente o lado lunar nos inunda. São momentos, são sensações, são feixes de vida. Ou, porque, citando Florbela Espanca, é ser(es) alma, e sangue, e vida em mim




 


Feixe em mim


Este feixe que me aperta o peito
Esmaga-me, tortura-me, trucida-me.
Esta dor que não tem nome
E não posso partilhar.

Sou flor pisada, caída no chão.
Nervo que se torce, ferida que não se vê.
É sangue, é dor, é ferida em mim.

Prendo um murmúrio que se queria grito,
Lágrima amarga que não escorre.
Levo um constrangimento que me algema,
Encarcera e angustia.

Vou no sentido oposto,
Passo ao lado do sul.
Palmilho terras sem nome.

E em mim
Sentimento ofendido.

Anabela G.

publicado in Jornal Renascimento