quarta-feira, 30 de novembro de 2011

HOJE ESTOU TRISTE ESTOU TRISTE

Hoje estou triste... faz 76 anos da morte de Fernando Pessoa. Estou triste pelo óbvio mas por outro lado nem sei se estou... Tenho a poesia que ele nos deixou. Afinal estou triste ou não? Oh... Fernando Pessoa tem a resposta! Ei-la:
HOJE ESTOU TRISTE ESTOU TRISTE

Hoje estou triste, estou triste,
Estou muito triste, e, em parte,
Minha tristeza consiste
Em nem saber se estou triste.

Se toda tristeza tem
Uma causa, qual a desta?
Que mal a causa ou mantém?
Pode ser que seja um bem.

A alma humana é estrangeira,
E tem usos e costumes
Fora da nossa maneira.
Estou triste, ainda que o queira…

Fernando Pessoa

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pessoa, eterno...

Pessoa, eterno…

Alvo de inúmeros e variados estudos, livros, teses e doutoramentos, Fernando Pessoa é uma figura ímpar e incontornável da Literatura Portuguesa. Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, no ano de 1888. Poeta e escritor por vocação e não por profissão, como ele próprio refere na sua “Nota biográfica escrita pelo próprio Fernando Pessoa (30-3-1935)”, publicou em vida um único livro “Mensagem”.
Em inglês publicou vários poemas, mas foi sobretudo em colaborações com revistas e jornais que se deu a conhecer em vida, destacando-se as revistas A Águia, A Renascença, Orpheu, Contemporânea, Presença, Fama, entre muitas outras. Postumamente, foram publicados livros em prosa, organizados por diversos autores, e o Livro do Desassossego, sob o semi-heterónimo Bernardo Soares; vários livros de poesia, que assinou sob diferentes heterónimos, destacando-se Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos; e variadíssimos ensaios e reflexões.      

 sobre a “mensagem”


Mensagem é um livro de Poemas, ou “O Poema”, como ele próprio o designa, considerado por alguns autores como a sua obra-prima, enquanto outros valorizam muito mais os livros por ele publicados sob os atrás referidos heterónimos.
Não podemos, contudo deixar de considerar que, escolhendo o autor este livro para a sua primeira publicação, o considerava certamente acima de qualquer outro.

Originam-se estas linhas na evocação do dia 30 de Novembro de 1935, quando partiu desta vida, deixando-nos “várias vidas”.

Anabela G.
in Renascimento, publicado em 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O mundo também é de quem sente?

O mundo também é de quem sente?

Um destes dias um amigo confidenciou-me que muitas das suas convicções estavam a ruir como madeira verde sobre os seus pés e isso estava a afectar toda a sua vida. Tinha visto um documentário sobre as oportunidades num determinado país e a ideia de partir emergia insistentemente na sua cabeça.
Como por acaso ou talvez não, surgiu-me uma reflexão do neuropsicólogo Nelson Lima que lhe dei a ler e a partilho aqui.
TER CONVICÇÃO é muito importante para tomarmos decisões mas pode não ser suficiente. Este é um dos dilemas com que muitos de nós, ao longo da vida, nos deparamos. Vejamos. Toda a gente sabe que certos alimentos causam problemas de saúde como, por exemplo, o açúcar. Infelizmente, a convicção não faz com que as pessoas se preocupem o suficiente para agir. Para passarmos da convicção à acção temos de nos INTERESSAR. Sabe o que é o Efeito de Madre Teresa? As instituições de caridade conhecem-no. É assim: é mais fácil interessar as pessoas a ajudarem uma causa específica (por exemplo: as vítimas reais de um terramoto) do que algo abstracto (por exemplo: a pobreza). O que faz a diferença? As EMOÇÕES. É perante situações concretas que somos mais facilmente tocados e passamos à acção.”
Uma ideia, por exemplo, conjugada com uma imagem forte sobre a mesma, provoca na nossa mente uma convicção. A imagem forte pode ser o fruto da nossa imaginação agitada, influenciada pelo pensamento. Tudo isto pode resultar de estados negativos ou positivos, ser provocado pelas desilusões ou alegrias, fracassos ou progressos.
Normalmente, as convicções arrastam-nos para posições mais ou menos veementes e procuramos tudo fazer para as pôr em prática, minimizando tudo aquilo que se lhes opõe, valorizando cada ponto a seu favor.
Sabendo que a vida é feita de convicções, já se está a ver a importância das emoções, no fundo condicionam as nossas convicções, dado que não vivemos sem elas. Aliás, Ortega y Gasset já dizia que a própria vida é absoluta convicção.

Passamos à acção com base nas nossas convicções, somos influenciados pelas emoções… que são tão mais fortes quanto mais concretas elas se nos afiguram. Isto não é simples de exprimir, não… E para complicar ainda mais deixo-vos com um pensamento de Fernando Pessoa que diz que "toda a emoção verdadeira é mentira na inteligência, pois se não dá nela. Toda a emoção verdadeira tem portanto uma expressão falsa. Exprimir-se é dizer o que se não sente”. Ah, e disse também que o mundo é de quem não sente
Ah, o meu amigo já decidiu… E dá-se ao luxo de discordar de Fernando Pessoa. O mundo também é de quem sente, disse ele. Eu diria antes: o mundo é mais meu quando sinto.

Anabela G.
In Jornal Renascimento, 2011 e http://www.eacfacfil.net/

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

"A tristeza dos portugueses" numa doçura sem igual...

“A tristeza dos portugueses”  numa doçura sem igual…



Hoje não vou escrever. Apetecia-me falar dos portugueses e da sua tristeza, mas o Miguel Esteves Cardoso disse tudo e muito mais do que eu poderia dizer. Ora leiam, sob o nome “ A tristeza dos Portugueses”, este belíssimo texto e absorvam cada palavra, reflictam e digam lá se eu tenho ou não razão.

Porque é que os portugueses são tristes? Porque estão perto da verdade. Quem tiver lido alguns livros, deixados por pessoas inteligentes desde o princípio da escrita, sabe que a vida é sempre triste. O homem vive muito sujeito. Está sujeito ao seu tempo, à sua condição e ao seu meio de uma maneira tal que quase nada fica para ele poder fazer como quer. Para se afirmar, como agora se diz, tão mal.
Sobre nós mandam tanto a saúde e o dinheiro que temos, o sítio onde nascemos, o sangue que herdámos, os hábitos que aprendemos, a raça, a idade que temos, o feitio, a disposição, a cara e o corpo com que nascemos, as verdades que achamos; mandam tanto em nós estas coisas que nos dão que ficamos com pouco mais do que a vontade. A vontade e um coração acordado e estúpido, que pede como se tudo pudéssemos. Um coração cego e estúpido, que não vê que não podemos quase nada.
Aí está a razão da nossa tristeza permanente. Cada homem tem o corpo de um homem e o coração de um deus. E na diferença entre aquilo que sentimos e aquilo que acontece, entre o que pede o coração e não pode a vida, que muito cedo encontramos o hábito da tristeza. Habituamo-nos a amar sem nos sentirmos amados e a esse sentimento, cortado por surpresas curtas, passamos a chamar amor. E com verdade. No mundo das ausências, onde a tristeza vem de sabermos muito bem o que nos falta, a nós e àqueles que nos rodeiam, a bondade, que nos torna vulneráveis aos sofrimentos daqueles que nos acompanham e nos faz sofrer duas vezes mais do que se estivéssemos sozinhos, é o preço que pagamos por não sermos amargos. É graças à bondade que estamos tristes acompanhados. Há uma última doçura em sermos tristes num mundo triste. Igual a nós.

Pois, estamos perto da verdade, amamos com alguma tristeza, temos a bondade que nos envolve num casulo, onde tudo se relativiza numa doçura sem igual. Tristes, nós? Hum… nostálgicos, talvez… 

Anabela G.
in Jornal Renascimento, 2011 e http://www.eacfacfil.net/

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Não sei se sei amar

Não sei se sei amar…

Quando te logro mais, mais te desejo;
Quando te encontro mais, mais te procuro;
Quando mo juras mais, menos seguro
Julgo esse doce amor, que adorna o pejo
.” Bocage


Desculpa o meu silêncio, meu amor.
Desculpa o meu silêncio das vezes que te não digo que amo.
Desculpa os dias que passo sem te olhar. Desculpa as coisas que não faço por não pensar. 
                É  que amar é uma aventura. Uma turbulência que se sente e não se define, uma calma que fatiga…. É o sol, o mar e um rio que nos inunda, uma fúria ansiosa que nos vicia.
E eu confesso, meu amor, que não sei se sei amar. Porque ao amar perco tudo o que aprendi, volto ao meu princípio de ser nada e tudo ao mesmo tempo.
Não te compreendo, porque me espantas e a tua luz vive em mim numa chama que me esgota. Amo no inferno e no paraíso, onde me encantas e me consomes. E eu devoro-te e inspiro-te, desassossego-te e preencho-te.
Sim, eu sei… não sabes se me inventas ou me reconheces, não sabes se existo ou te iludo.
E eu não sei e tu não sabes, porque amar não se ensina, porque o que aprendemos antes afinal não é o que sabemos agora.

Sim, meu amor, desculpa, mas não sei se sei amar… porque não sei se te perdes por me amares, porque não sei se te adivinho no teu querer, porque não sei se o teu coração bate na minha razão…
Sim, amor, eu queria destruir os meus silêncios... Abraça-me. Quero calar-me na serenidade dos teus braços, vestir-me na força do teu olhar… Que me importa que me gritem?

Anabela G.
In Jornal Renascimento, Novembro 2011 e http://www.eacfacfil.net/

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Saramago: palavras, uma oliveira e um banco de jardim

No dia 18 de Junho de 2011, decorrido um ano sobre a morte de José Saramago, prestou-se uma homenagem ao escritor, plena de simbologia. Na Casa dos Bicos, sede da futura Fundação José Saramago, foram depositadas parte das cinzas do escritor, aos pés de uma oliveira centenária, transplantada de Azinhaga do Ribatejo, terra do escritor.
“... mas não subiu às estrelas se à terra pertencia ..." são as palavras escolhidas para uma gravação em pedra, retirada do “Memorial do Convento”, junto a um banco também de pedra.
A Fundação abrirá ao público em Novembro e sem dúvida que este recanto do seu jardim será um dos mais procurados na praça lisboeta Campo das Cebolas, junto às margens do rio Tejo.
Quase toda a gente conhece a obra ou pelo menos leu algum livro (ou tentou, eu pelo menos tentei alguns, li outros), mas nem toda a gente sabe que Saramago também escreveu Poesia.
Aqui vos deixo um poema, Intimidade, dos mais belos que conheço do escritor, retirado do seu livro “Os Poemas Possíveis".


No coração da mina mais secreta,/ No interior do fruto mais distante, /Na vibração da nota mais discreta, /No búzio mais convolto e ressoante,

Na camada mais densa da pintura, /Na veia que no corpo mais nos sonde, /Na palavra que diga mais brandura, /Na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa, /Em que a vida se fez perenidade, /Procuro a tua mão, decifro a causa /De querer e não crer, final, intimidade. 

Anabela G.
In Jornal Renascimento, publicado em Junho de 2011 e http://www.eacfacfil.net/

sábado, 5 de novembro de 2011

Sophia de Mello Breyner Andresen – Uma vida de poeta

Sophia de Mello Breyner Andresen – Uma vida de poeta

No dia 26 de Janeiro ocorreu a cerimónia de assinatura do Termo de Doação do Espólio de Sophia de Mello Breyner Andresen pelo Director da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), Jorge Couto, e pelos filhos da Poetisa. Seguiu-se a exposição que dá nome a este texto e uma leitura de poemas por Beatriz Batarda e Luís Miguel Cintra,
Foi uma cerimónia comovente, sobretudo quando a filha, Maria Andresen, explicou como descobriram parte do espólio, que estava guardado no fundo de uma arca, bem como o processo que levou à concretização da sua doação e da dor de separação que naturalmente esse acto acaba por trazer aos seus filhos.
Miguel Sousa Tavares, num discurso brevíssimo, porque, como disse, a sua mãe detestava discursos e formalidades desse género, referiu que o acto de doar o espólio foi natural e pacífico entre os irmãos, porque têm consciência que Sophia não é apenas mãe deles, mas pertence a milhões de portugueses que despertaram para a literatura através dos seus contos e sabem de cor os seus poemas. No final, referiu ainda que “sabe bem doar alguma coisa ao Estado”, porque “quando se recebe muito é bom devolver algo à sociedade”.
Na cerimónia estiveram presentes, além de muitos amigos e admiradores da poetisa, que encheram por completo o auditório, a Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, o Secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, bem como personalidades conhecidas e amigas da família, como Eduardo Lourenço, Arq.º Gonçalo Ribeiro Telles, Guilherme d’ Oliveira Martins, Artur Santos Silva, Mário Soares, entre muitas outras.
Todos eles salientaram a importância da obra e vida da poetisa, mas também o “lado luminoso” na actividade cívica. Sempre ao lado do marido, Francisco de Sousa Tavares, que chegou a ser preso pela PIDE, Sophia foi uma companheira presente e activa pela causa da liberdade, revelando uma grande coragem moral nas suas acções.
A Ministra reforçou o sentido de cidadania e partilha da família que conseguiram compreender a poeta para além da mãe e que Sophia é uma das mais nobres embaixadoras da cultura portuguesa. O director da BNP realçou a importância do dia presente, pois “é o dia em que Sophia vai passar a ser um pouco de todos nós e a transformar um pouco mais quem por ela se deixar tocar”.
Pelos amigos foi dito que a sua poesia evidenciava a sua alma, numa linguagem límpida e depurada, mas também voltada para realçar tudo o que tem de maravilhoso a vida, a beleza e as coisas que muitas vezes não valorizamos. Mas também foi uma pessoa de denúncia e pressão: “Perdoai-lhes Senhor, porque eles sabem o que fazem”, nas suas palavras.
“Este acto não foi apenas um acto cultural mas também um acto poético”, referiu nas suas palavras sábias Eduardo Lourenço que se dirigiu aos presentes como “amigos de Sophia” e aos poetas presentes como “irmãos de Sophia”. Declarou-se deslumbrado pela beleza de Sophia e da áurea que dela emanava. O que mais o encantava na amiga era a ideia que ela tinha da poesia. Uma poesia que faz parte da história da vida e não da vida da literatura, a poesia como essência de vida.
Gonçalo Ribeiro Telles falou do mar de Sophia, “mar infinito que começa perto e é longe”. Nela, o amigo viu a transparência transformada em verdade e terminou, dizendo: “Obrigado, Sophia. O futuro de Portugal pertence-lhe. Obrigado”.
Não posso acrescentar mais nada às palavras que já foram ditas sobre Sophia. Apenas os convido a visitar a exposição presente até 30 de Abril, na BNP. Lá terão a bênção de serem tocados pela poeta e de sentirem a poesia revelada em estórias e coisas e momentos e emoções em amor, fúria e raiva… em vida.

Anabela G.
In Jornal Renascimento, publicado a 15 de Fevereiro de 2011 e http://www.eacfacfil.net/

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Um pouco de sol....

SOPHIA = POESIA

SOPHIA = POESIA

Esta semana é a semana de Sophia. No momento em que escrevo esta crónica encontro-me a caminho da inauguração da exposição Sophia de Mello Breyner Andresen – Uma Vida de Poeta, à Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa. A exposição, constituída pelo vasto espólio que a sua família doou àquela instituição, retrata a sua vida e obra.
Sophia nasceu no Porto em 1919 e faleceu em Lisboa em 2004. Mas a poetisa dispensa apresentações, é uma figura incontornável na literatura portuguesa. A sua obra é vasta e centra-se sobretudo na Poesia e nos contos para crianças. Não vou aqui elencar as suas publicações, porque estão ao dispor de quem quiser procurá-las em qualquer livraria.
Mas recordo as suas histórias como fazendo parte da minha infância: O Rapaz de Bronze, A Menina do Mar, a Floresta, o Cavaleiro da Dinamarca, entre outras. Sophia disse que começou a escrever histórias para crianças porque as que encontrava para ler aos seus filhos apresentavam uma linguagem demasiado infantil.
“Na minha infância, antes de saber ler, ouvi recitar e aprendi de cor um antigo poema tradicional português, chamado Nau Catrineta. Tive assim a sorte de começar pela tradição oral, a sorte de conhecer o poema antes de conhecer a literatura. Eu era de facto tão nova que nem sabia que os poemas eram escritos por pessoas, mas julgava que eram consubstanciais ao universo, que eram a respiração das coisas, o nome deste mundo dito por ele próprio.” De facto, as histórias têm um papel fundamental na educação das crianças. Devemos ler-lhas, mas, também que elas as saibam de cor e, isto, sim, na minha opinião, está a passar ao lado de pais e educadores.
Mas embora a sua obra seja sobejamente conhecida é apenas lida ocasionalmente nos manuais do 1º e 2º ciclos. A nível académico falta ainda muito que fazer para estudar a sua obra, pelo que a doação do seu espólio à Biblioteca Nacional e o congresso dos dias 26 e 27, na Fundação Calouste Gulbenkian, Colóquio Internacional Sophia de Mello Breyner Andresen, irão ser fundamentais para divulgar ainda mais as suas obras, bem como o estudo que a sua filha Maria Andresen tem feito à obra da mãe. Ficará a porta aberta a futuras investigações académicas que permitirão conhecer o verdadeiro mundo de Sophia.
Sophia que, dedicando toda a sua vida à literatura e à família, não se coibiu de ter um papel activo na sociedade antes e depois do 25 de Abril. Aliás, foi na qualidade de deputada que afirmou: “A cultura é uma das formas de libertação do homem. Por isso, perante a política, a cultura deve sempre ter a possibilidade de funcionar como anti-poder. E se é evidente que o Estado deve à cultura o apoio que deve à identidade de um povo, esse apoio deve ser equacionado de forma a defender a autonomia e a liberdade da cultura para que nunca a acção do Estado se transforme em dirigismo.”
Da vida confessou: “A vida não me foi madrasta, tive que sofrer como toda a gente”.
Deixo-vos um convite para reler a sua obra e, sobretudo, conhecer uma mulher excepcional que deixará o seu nome gravado na imortalidade dos grandes, daqueles que o tempo não esquece. São dela estas palavras:

Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não vivido deixa.

Aceitemos este convite. Hoje e agora. Para que não restem arrependimentos de não termos vivido, de não termos saboreado as suas palavras uma a uma, com deleite, prazer, serenidade, mas também com fúria e raiva, sentimentos que a atravessaram e que deixou impressos nas suas palavras. Para todos nós. Foi ela que disse para não termos medo das palavras:

Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada.


Anabela G.
In Jornal Renascimento, 1 de Fevereiro de 2011 e http://www.eacfacfil.net/