quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Feixe em mim...

Porque às vezes apetece, porque escrever é um acto intimista, sempre, porque arrumar palavras é uma emoção e porque somos um cadinho de intempéries e calmarias, onde por vezes faz sol, ou simplesmente o lado lunar nos inunda. São momentos, são sensações, são feixes de vida. Ou, porque, citando Florbela Espanca, é ser(es) alma, e sangue, e vida em mim




 


Feixe em mim


Este feixe que me aperta o peito
Esmaga-me, tortura-me, trucida-me.
Esta dor que não tem nome
E não posso partilhar.

Sou flor pisada, caída no chão.
Nervo que se torce, ferida que não se vê.
É sangue, é dor, é ferida em mim.

Prendo um murmúrio que se queria grito,
Lágrima amarga que não escorre.
Levo um constrangimento que me algema,
Encarcera e angustia.

Vou no sentido oposto,
Passo ao lado do sul.
Palmilho terras sem nome.

E em mim
Sentimento ofendido.

Anabela G.

publicado in Jornal Renascimento

4 comentários:

  1. Não há cárcere que encerre as palavras de tão belo e sentido texto. Esse grito ouvir-se-á, certamente porque és alma e sangue e vida...em ti.
    Parabéns.
    BS

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  2. As emoções trespassam a nossa vida e de vez em quando sai-nos um grito... Obrigada por o ouvires, BlueShell, também já te acompanho, já vi que também gostas de arrumar as palavras que encontras dentro de ti.
    Abraço

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  3. a dor da alma tao simplesmente bem definida.

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  4. Sim. Sim, estas palavras foram escritas com um sentimento verdadeiramente ofendido. Sentido.

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